Análise Napoleon:Total War
No ano 2000, a Creative Assembly lançava Shogun: Total War, um título de estratégia passado no Japão feudal. O jogo não foi nenhum best-seller internacional, mas conseguiu gerar interesse suficiente para que se fizesse um segundo título. Em 2002, a companhia trazia-nos, assim, Medieval: Total War. Se Shogun não tinha conseguido vincar muito bem o nome da companhia no mundo dos videojogos, Medieval foi definitivamente o tour de force dos estúdios.
Desde então, a série nunca mais parou; Rome (2004), Medieval II (2006) e Empire (2009) foram lançados com uma boa aceitação por parte da crítica generalizada, sempre com a marca de qualidade 'Total War' à frente do nome.
Agora, em 2010, surge Napoleon: Total War, um jogo que, como seria de adivinhar, se centra nas invasões napoleónicas. Há que parabenizar a série Total War por sempre ter tentado retratar os acontecimentos históricos em que incide, com o maior rigor possível. Uma questão interessante, mas que terá de ficar para outra altura, é até que ponto as formas de entretenimento actuais
Napoleon: Total War vai pelo mesmo caminho. A diferença, agora, é que o jogo acompanha a ascensão e a queda de uma personagem bem mais próxima de nós. O pano de fundo não podia ser melhor: início do século XIX, infantaria e cavalaria, mosquetes e baionetas, canhões, cidades para conquistar e um homem com uma sede de poder maior do que a própria nação que serviu.
O jogo conta com três campanhas originais (quatro, se contarmos com a adolescência de Napoleão, que aparece sob a forma de tutorial): a de Itália, a do Médio Oriente e a de França. Para além destas, existe ainda a Coalition's Grand Campaign, que segue os acontecimentos históricos do outro lado da barricada, ou seja, dos inimigos de Napoleão, de onde se destaca a Inglaterra.
Aqui, há que levar em conta as condições do terreno e dos soldados, e saber movimentar as tropas. Este desafio é especialmente notório quando as batalhas envolvem canhões e outra artilharia pesada, visto que estes são capazes de acertar nas nossas fileiras de soldados com uma precisão relativamente grande. Claro que se tivermos as nossas tropas estacionadas no cimo de um monte, vai ser difícil fazer com que as salvas de artilharia faça grandes estragos.
Continua a ser possível vencer um inimigo que esteja em maioria numérica, mas isso requer alguma perícia e um bom controlo do general. É que, nos jogos Total War, os soldados não são heróis e não lutam, regra geral, até à aniquilação total do pelotão; as tropas têm uma moral e um nível de cansaço, o que pode influenciar a decisão de desertar, ou não, os seus irmãos de armas. Napoleon: Total War não é diferente.
Se tudo isto já é indicador de um título mais maduro, a parte da gestão do jogo ainda eleva mais essa noção. É preciso saber ganhar e gastar os recursos, tomar as decisões políticas acertadas, cuidar das tropas, acalmar as multidões das nossas cidades, chantagear os nossos inimigos e influenciar os nossos aliados, controlar rotas marítimas, entre tantas e tantas outras pequenas situações que merecem a nossa atenção.
Isto revela-se como uma das dificuldades do jogo, pois estas decisões interligam-se, muitas vezes. O jogador terá de perceber se lhe compensa mais criar um determinado conjunto de unidades para o seu exército, ou, pelo contrário, gastar o dinheiro a melhorar um edifício. Isto tudo não levantaria problemas se não fosse o factor tempo que nos é imposto nas campanhas. Tendo em conta que o jogo tenta ser fiel às conquistas de Napoleão, as campanhas vão ter um número limite de turnos, de forma a acompanhar as datas reais. Há que dizer que cada turno, aqui, corresponde a duas semanas, o que difere dos habituais turnos de seis meses de jogos anteriores.
No que toca ao aspecto gráfico, notam-se várias melhorias em Napoleon: Total War. Os campos de batalha e as animações foram mais trabalhados, o que se nota no fumo que fica no ar após uma salva dos mosquetes ou pela atenção a pequenos detalhes nos uniformes dos regimentos. Algo que também merece destaque é a heterogeneidade dos modelos dos soldados; a Creative Assembly já tinha anunciado que iria construir várias versões das unidades, de forma a não se repetirem, e há que admitir que isto traz um toque de classe ao jogo.
O campo sonoro não é dos melhores que se tem ouvido ultimamente, mas está razoavelmente bom. O destaque vai, claramente, para os sons das armas e dos canhões, e a banda sonora, embora não seja épica, consegue envolver-nos na época e no ambiente do jogo.
Outro dos pontos que poderá aliciar alguns jogadores é capacidade de jogar a campanha em multiplayer. Embora tenhamos testado pouco na redacção, esta possibilidade vem tornar tudo mais interessante, admitindo que temos um bocado de paciência. É preciso ter em consideração que estamos a jogar contra outra pessoa, o que faz com que, geralmente, cada turno demore mais tempo. Um dos pontos negativos, durante as batalhas multiplayer, é que a sessão acaba se uma das duas partes sair do jogo. É verdade que a vertente multiplayer não me alicia muito neste tipo de jogos, mas também é verdade que há gostos para tudo.
Opinião GC+:É um bom jogo para quem gosta de RTS(Real Time Strategy) e para os fãs da Creative Assembly
Nota Final:8,0
By:Dante
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